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Mensagens

A mostrar mensagens de 2012

Ida ao Médico de Familia

São 8h30 e chego ao Centro de Saúde da minha área de residência. A minha consulta "obrigatória" estava marcada para essa hora. Sou obrigada a vir a esta consulta porque caso contrário perco o médico de família que tenho, dado que já passou muito tempo desde que cá vim pela última vez e foram precisos 2 meses de espera por ter esta consulta. Ainda nem sequer tinha ido ao novo centro de Saúde agora localizado no meio de um bairro habitacional que deixou de ser calmo e para o qual nem se conhece bem o meio de transporte que ali nos pode levar. -A Dra. está atrasada- informa-me a funcionária. -Muito bem e quantas pessoas tenho antes de mim? - pergunto para calcular a demora. - Tem 3 pessoas - diz. - 3 pessoas? Mas a que horas é que as consultas começam? Pergunto eu admirada pelo nº de pessoas. - Começam às 8h- explica a funcionária - Mas então como é que podem ter 3 consultas em 30 minutos? - insisto. - São 12 minutos cada consulta minha Senhora. Ordens do Sr. Ministro-

Magic Days

A porta está fechada e as prateleiras vazias. Lá dentro apenas o balcão ostenta ainda o nome : Magic Days. Esta é mais uma loja que encerrou as suas portas esta semana em Portugal. Era uma loja de roupa de criança. Roupa colorida, imaginativa, de boa qualidade. Quando apareceu foi uma novidade, rompeu com a tradicional dictomia das cores: rosa para a menina, azul para o menino. Tinha uma oferta variada. É verdade que as coisas não eram muito baratas mas também eram resistentes e isto era importante para os pais pois a roupa não se estragava com tanta facilidade. Era uma loja no coração de Lisboa, zona nobre de comércio. Ali perto um outro centro comercial agoniza. Outrora cheio de lojas e restaurantes, agora quase todo o comércio fechado, uma ou outra opção para comer, uma livraria Bertrand Até quando? Desde que os tribunais que ali existiam fecharam e foram transferidos para a Expo, que as coisas foram morrendo aos poucos. Depois veio a crise, o desemprego. As lojas fecham. Ni

O Mendigo e as Adivinhas

São 7h 30 da manhã. Vou de comboio a caminho do trabalho. Leio. Em Algés entra um mendigo. Percebo pelas minhas vizinhas do lado que este mendigo já é um habitué mas eu confesso que é a primeira vez que me apercebo dele. Lá atrás oiço o senhor a falar. Parece estar a contar anedotas. As minhas vizinhas continuam a lamentar haver este tipo de pessoas e terem de pedir. Parece que o senhor revela algum atraso mental. Chega ao pé de mim. Os olhos tortos, os dentes ainda mais tortos, obeso, as roupas não totalmente sujas mas rasgadas. Olha para mim e faz-me uma pergunta. Qual é o animal que faz amor consigo próprio? Não sei responder. Responde: o pato que faz amor com as patas. Passa à minha vizinha. Qual é a situação em que as mulheres sabem sempre onde estão os seus maridos? Esta a minha vizinha sabe responder: quando são viúvas. Ele riu-se. Ela também. Já o tinha encontrado em viagens anteriores e já conhecia esta adivinha. Segundo ela, ele usa sempre as mesmas. Ele segue carruagem

Grafíti

De acordo com o dicionário, grafíti quer dizer e passo a transcrever : Desenho, inscrição, assinatura ou afim, feito com tinta, geralmente de   spray , feito em muros, paredes e outras superfícies urbanas. Fala-se em arte urbana, direito de expressão. Poucos são os grafitis que vemos que podem ser chamados de arte ou desenhos. Na maioria são borrões de tinta que só servem para sujar os muros, vidros, paredes, comboios, lojas. Eu diria mesmo que o que vemos hoje em dia é o uso do grafíti como arte de vandalismo. Estes senhores que se devem auto proclamar-se artistas de grafíti, são acima de tudo vândalos de mau gosto. É bastante desagradável que nos imponham esta arte em especial em zonas de utilização comum já para não falar de muros e paredes privadas. Se estes "artistas" gostam tanto da usa arte porque não pintam a sua casa e deixam as casas das outras pessoas livre da imposição desse acto artistico? É especialmente irritante quando alguém depois de ver o muro da s

Um dia em Portugal

Acordo. Preparo-me para sair para mais um dia de trabalho. Chego à estação dos comboios. Não há comboios, há greve de maquinistas. Já comprei o passe este mês e já vai na 3ª greve do mês, não me descontam os dias em que não posso usar o passe. Vou de carro, a estrada mesmo em greve não está tão cheia como noutros tempos. A gasolina aumentou pela 50ª vez este ano, torna-se impossível continuar a usar o carro e isso já se nota no fluxo de trânsito. Estaciono numa rua onde penso não haver parquímetros. Em geral gostam de nos fazer andar vários metros à procura de uma máquina que funcione para depois voltar tudo para trás para colocar o talão no tablier. Enquanto faço isso, uns senhores com ar de poucos amigos, entretêm-se com uma chave de fendas a furar a máquina e a retirar todo o dinheiro que ali se encontra, em plena luz do dia e quase em frente a um policia fardado que se encontra ao serviço de um conhecido supermercado. Questionado se não vai fazer nada, diz não poder, está em ser

O 25 de Abril na Escola

NA ESCOLA O "25 ABRIL" Em vésperas das comemorações do 38 º aniversário da revolução do 25 de Abril, que devolveu ao fim de 48 anos a democracia a Portugal, numa escola do Ensino Básico no 1º ano, a professora explicava às crianças o que foi o " 25 de Abril de 1974 ". Então começou por dizer: -Antes desta data havia em Portugal uns senhores que eram muito maus. Não deixavam ninguem falar mal do Governo, pois seriam logo presos, batiam-lhes e até os chegaram a matar. Os jornais, livros, música, rádios, teatro e televisão só podiam dizer às pessoas o que eles queriam. Os trabalhadores e estudantes não podiam fazer greve, os meninos não podiam jogar à bola no jardim em cima da relva e até para se usar um isqueiro na rua era preciso uma licença. Faziam muito mais coisas más. E continuou: -Depois veio o " 25 de Abril " feito pelos militares e o povo, que estava muito zangado, e acabaram com as maldades todas. Chamaram-lhe LIBERDADE e DEMOCRACIA. Como nesse dia

Portugal em 2032

Também eu acalento um sonho tal como em tempos não muito longínquos Martin Luther King. Sonho com um Portugal diferente e a minha esperança é que no final deste túnel que agora atravessamos, se possa ver a luz e que tudo isto tenha um objectivo, o de efectivamente corrigir o que está mal e evitar que volte a acontecer no futuro. Em 1974, Portugal teve uma revolução e com essa revolução inspirou outros a segui-lo. Mas hoje não estamos mais democráticos nem mais fortes economicamente, não estamos onde poderíamos estar. O meu sonho é que daqui a 20 anos algo se tenha alterado e que Portugal não seja mais conhecido pelo coitadinho, o país dos tristes, do fado mas sim por outros feitos de maior importância e que sejam um exemplo. Já vimos outros países pequenos e sem recursos naturais a conseguirem-no, porque não Portugal? Sonho portanto que seremos o país do mundo com o menor indíce de corrupção pois passámos a ter uma justiça atenta, justa, célere, desburocratizada com uma fiscalizaç

Juntas de Freguesia - A favor da eliminação

É talvez o único tema em que estou de acordo com o actual Governo. Já antes deste vir defender esta ideia da eliminação das juntas de freguesia que eu defendia essa medida. Não faz sentido que as maternidades possam ser colocadas a centenas de quilómetros de distância que para lá se chegar é preciso passar por estradas sinuosas e por vezes em más condições de circulação mas as juntas de freguesia tenham que ser ali ao lado, para fazer o quê não sei. E não sei porque vivo à 10 anos numa freguesia de um conselho limítrofe de Lisboa, comprei casa, mudei-me, tratei de toda a documentação de licenças, imi's, imposto daquilo, planta assim, planta assado e quantas vezes tive que me deslocar  à junta de freguesia a que supostamente pertenço? Nenhuma, zero. Tudo o que até hoje tive que tratar de burocracias que estão ligadas ao facto de viver naquele local não passam pela junta. Tudo foi sempre tratado na Câmara que verdade seja dita não é muito longe da minha residência e posso por isso

Impotência

Ligo a televisão e vejo que a crise está para ficar, uma atrás da outra, desfilam noticias sobre o desmoronar de uma sociedade uma dia próspera e desenvolvida. Imagens da Grécia em apuros, taxas de desemprego recorde um pouco por toda a Europa. Portugal junta-se a este rol de desgraças. Vemos os mesmos de sempre a ficar com tudo e a fugir às regras que deviam ser para todos e o resto da população a ficar cada vez mais pobre e miserável. Sucedem-se histórias de pessoas que num dia tinham uma vida dita normal e noutro estão na rua sem mesmo um tecto para pernoitar. Pessoas com formação, com experiência profissional válida em qualquer organização de que qualquer país se devia orgulhar, definham sem encontrar emprego e sustento. A tudo isto assisto pela televisão, através de outros, com um filtro e pergunto-me que consigo eu fazer para alterar esta situação. Sinto-me impotente. No outro dia passei por um sem abrigo, sujo, com os vários sacos que carrega atrás de si, não fiz nada e sinto-m

Esta distribuição destroi a diversidade e o empreendedorismo do país

Aparentemente a solução para o desemprego português passa pelo empreendedorismo. Os jovens desempregados deveriam todos de ter ideias inovadores com as quais seriam capazes de quebrar o 'status quo' e criar valor para o país. Esta visão de empreendedorismo é extremamente curiosa porque reside no princípio que sem qualquer custo para o país, agarramos em jovens sem esperança e dotados de  cursos com cada vez menos qualidade, e por magia, ops, criatividade, inovação nasceriam empregos para todos. Mas o mais curioso é que este país sempre foi um país de empreendedores, ou não tivesse uma das taxas mais altas de PME's da europa, na sua maioria de empresas familiares. Em que os jovens eram treinados desde pequenos a tomar iniciativa e a correr os próprios riscos. Contudo nos últimos anos o que se têm feito é dar uma machada enorme neste empreendedorismo em prol da grande distribuição. Espaços comerciais destes distribuidores têm aberto em todo o país a um ritmo elevado sem p

Decisão do Presidente Sul Coreano

Com uma cultura milenar, o Oriente já nos ensinou e nos trouxe tanta sabedoria, e do Oriente nos chegam mais ensinamentos. O presidente Sul Coreano entendeu que se o limite de horas extras fosse delimitado,  essa medida iria permitir aumentar o work life balance dos trabalhadores e criar mais postos de trabalho. Talvez pudessemos combinar um encontro entre a Troika, a Merkel e o Passos Coelho e o presidente   da Coreia do Sul pois há aqui ensinamentos, ideias fora da caixa que estes senhores estão claramente a precisar para ver se mudam o discurso e as medidas, pois não parecem entender que estas medidas também não aumentam a competitividade nem melhoram o ambiente social que se vive nos dias de hoje na Europa. Partilho com os meus leitores a noticia na integra. É preciso pensar diferente para encontrar soluções, as soluções propostas e que se vivem hoje na Europa estão claramente gastas. Precisamos de um novo modelo, porque não este?  2012 The Korea Herald (Yonhap News) Employer

Demita-se Sr. Presidente

Depois do 3º aumento dos títulos de transporte terem ocorrido num espaço de um ano, depois do aumento da carga fiscal a que assistimos, depois do corte dos subsidios de férias e natal, tudo em nome da austeridade e de que o país precisa de dinheiro para pagar as suas divídas, somos surpreendidos pela mais incrível declaração de que há memória de um Presidente da República. O Sr. Presidente acha que tem uma pensão pequena pois apenas tem 1300 eur da pensão como professor universitário e outros cerca de 6000 euros das funções exercidas no Banco de Portugal e pasme-se, tudo porque fez o enorme sacrificio de prescindir do ordenado como Presidente da República e apenas tem depósitos e aplicações financeiras que ascendem fácilmente a 700 000 mil euros. Este é o mesmo Presidente que vem "ensinar-nos" a ser poupados, este é o mesmo Presidente que se acha acima de qualquer suspeita e que não tem que dar explicações sobre o rendimento astronómico que teve com a venda das acções do BP

No Coments

Os portugueses têm características especiais muito difíceis de se apagar com o tempo. É uma espécie de ADN adquirido, que mesmo defeituoso continua a grassar. Hoje trago aqui a irresponsabilidade das pessoas que têm cargos políticos, gerindo os mais diversos assuntos dos cidadãos através da sua actuação nas mais diversas áreas. Sempre que essas falham ou os organismos e empresas que superentendem colapsam na sua missão furtam-se em dar a cara, em fazer uma apreciação ou comentário público ao sucedido à comunidade, que em boa verdade lhes paga através de impostos, incentivos ou benefícios. Então, quando algo corre mal e a Comunicação Social quer saber pormenores para informação dos cidadãos, o habitual ( o tal ADN defeituoso) é: "Não comentamos" , " estamos indisponíveis" ou " a pessoa indicada para responder está ausente". Curioso não é ? Cito aqui apenas 2 casos para não ser enfadonho, dos quais estes e muitos mais podemos encontrar se quisermos dar