Ligo a televisão e vejo que a crise está para ficar, uma atrás da outra, desfilam noticias sobre o desmoronar de uma sociedade uma dia próspera e desenvolvida.
Imagens da Grécia em apuros, taxas de desemprego recorde um pouco por toda a Europa. Portugal junta-se a este rol de desgraças.
Vemos os mesmos de sempre a ficar com tudo e a fugir às regras que deviam ser para todos e o resto da população a ficar cada vez mais pobre e miserável.
Sucedem-se histórias de pessoas que num dia tinham uma vida dita normal e noutro estão na rua sem mesmo um tecto para pernoitar.
Pessoas com formação, com experiência profissional válida em qualquer organização de que qualquer país se devia orgulhar, definham sem encontrar emprego e sustento.
A tudo isto assisto pela televisão, através de outros, com um filtro e pergunto-me que consigo eu fazer para alterar esta situação. Sinto-me impotente.
No outro dia passei por um sem abrigo, sujo, com os vários sacos que carrega atrás de si, não fiz nada e sinto-me mal. É um ser humano e eu não lhe estendi a mão, não perguntei no que o podia ajudar.
Vejo as pessoas a perder a sua dignidade, a perder aquilo pelo qual lutaram e não tenho uma solução para lhes dar.
E a impotência cresce dentro de mim e apodera-se. Vejo estas imagens, contacto com estas realidades mas não consigo fazer nada para as alterar.
Vemos que os nossos governantes estão cegos e continuam subjugados ao poder económico. Os mercados e as bolsas de valores agora têm na mão o poder de decidir quem vai comer hoje e quem vai poder ainda dormir uma última noite na sua cama.
Os nossos governantes continuam a sua senda para a flexibilização da força laboral quando há muito que ela já é flexivel. Alguma empresa deixou de despedir alguém só porque o processo era burocrático ou aparentemente caro? Não mas há quem nos queira fazer acreditar nisso e obrigar-nos a baixar ainda mais a cabeça. Desde quando é que aumentando desemprego se aumenta a produtividade, a competitividade?Não, só torna as pessoas ainda mais miseráveis.
Olho à minha volta, vejo as coisas a deteriorarem-se. São os serviços públicos já de si lentos, agora então, os serviços médicos, são os prédios que estão cada vez mais abandonados, casas à venda sem comprador, os transportes públicos. Sinto que tudo desmorona mas nada consigo fazer para o impedir.
Quando a impotência aumenta, corroi o individuo e acaba por matá-lo.
Creio que é esse sentimento de impotência que se apoderou do povo português e isso deixa-me triste. É como um animal encurralado que dá voltas e voltas na sua jaula, sem saída. Assim está Portugal e o seu povo.
Prisioneiros de ideias pré-concebidas que outros têm de nós que nos obrigam a desfazer sem antes certificar-se se é assim de verdade e os nossos políticos de tacho e esquemas, que aceitam estas ideias para depois poder ir de mão estendida pedir apoios.
O fim parece mesmo ser incontornável. Sinto-me triste.
o mundo é o mesmo de sempre...
ResponderEliminarcorreção, incontornavel no fim :)