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Que Estado Quero Eu

Os nossos governantes há mais de um ano que andam numa grande azáfama para combater o défice que não pára de aumentar, a tentar encontrar receitas onde já há poucas e a cortar pouco na despesa.
Pensariamos nós que seria de começar ao contrário, pelo menos é o que fazemos na nossa economia doméstica mas aparentemente não é assim.
Mas ainda não perguntaram ao cidadão, aquele que afinal paga as contas, de que maneira o que realmente deve o Estado fazer. Nem mesmo a oposição, que não tem ideias podia ao menos consultar os seus eleitores já que não tem dinheiro para contratar consultores e trabalham todos por amor à camisola.
Pois bem, que quero eu, simples cidadão, do Estado que supostamente gere a minha vida e toma decisões que a afectam?
Gostaria que fosse menos complexo e mais focado no que é a sua razão de ser. Que todos os ministérios e funcionários públicos se lembrassem que estão a prestar um serviço ao cidadão, com o dinheiro do cidadão por isso não só deve ter um bom serviço, rápido e de qualidade como não deve ser mal usado o dinheiro que lhe é confiado.
Já vimos que o Estado é mau a gerir, então que funcione como regulador e entregue a gestão aos privados. Mas que regule para que os privados não comentam excessos que sabemos são fáceis de comenter.
Para isso tem de ser regulador e fiscalizador e fazer cumprir as leis - leis simples de preferência que não acarretem discutir virgulas nem des e das porque se perde o objectivo final que é para que serve a lei afinal.
Quero que o Estado me explique onde empregou o meu dinheiro com regularidade. Por exemplo entrego IRS a instituíções de solidariedade quando entrego o meu IRS, a instituíção recebeu ou não o dinheiro e quando e o que fez com ele?
Quer acabar com as freguesias. Pois muito bem que acabe, também acho que há muitas que não fazem sentido mas explique quanto dinheiro vai poupar e porque foram escolhidas umas em detrimento de outras.
Espero do Estado que não permita que clincas médicas estejam abertas ao público sem garantir os minimos necessários para que os actos médicos ali practicados sejam realmente com o objectivo de curar e não de ainda piorarem a situação por falta de qualificação necessária à pratica de tais actos como foi o caso da clinica de Lagoa em que os pacientes ficaram com lesões permanentes na vista ou em algumas clinicas dentárias.
Espero que o Estado seja célere no reconhecimento dos seus erros e que responsabilize quem com os seus actos impensados ou mal informados, provocou danos aos cidadãos.
Espero que o Estado dê o exemplo e seja bom pagador, pague a 30 dias como exige outros a fazer e não procure as mais variadas razões para não pagar os serviços que adquiriu.
Espero que os concursos públicos sejam mais transparentes e que sejam selecionados os fornecedores que dêem garantias de qualidade, de assistência, que não tenham prácticas ilegais e não me refiro só a não pagamento de impostos, que sejam portugueses em 1º lugar e que não sejam amigos dos elementos do Governo.
Num sector da construção civil que vive uma espiral descendente como a actual, não faz sentido que em obras públicas, sejam adjudicas obras a empresas espanholas enquanto as empresas portuguesas agonizam. Cabe ao Estado defender os interesses nacionais e económicos. São directivas europeias poderão dizer. E então Espanha aplica, a Alemanha aplica? Queremos ser mais papistas que o Papa?
O Estado deve acima de tudo garantir uma justiça que funcione e que passe uma mensagem aos cidadãos de que não vale a pena fugir aos impostos, enganar, mentir, que haverá penas e pesadas. E não viver neste sistema em que compensa ser criminoso.
O Estado deve acautelar os minimos, que as pessoas têm acesso aos cuidados de saúde e de vida básicos e não andar a reduzir a despesa com aqueles que têm pouco e os que têm muito nada sofrem e nada lhes é retirado.
Não faz sentido ter um Estado que consome mais de 50% da riqueza que um país produz. Tem que haver cortes sérios.
Mas não é agora despedir todos os contratados e pronto já se fez poupança.
Não, deve olhar-se seriamente para aquilo que se faz e como fazer melhor e se disso resultar a diminuíção de postos de trabalho ou porque quem o faz não o faz bem, aí sim reduzir.
É curioso porque o sector público foi o sector que mais investiu em tecnologia nos últimos 10 anos e no entanto isso não se traduziu em mais eficiência nem eficácia nem na redução de pessoas.
As pessoas refugiam-se na burocracia, escondem-se nos meandros, ninguém quer assumir responsabilidades. Quando vamos à Seg. Social e perguntamos pelo nome do funcionário que presta a informação, todos evitam dar o apelido quando não o nome todo e perdem-se na teia de departamentos e contactos para quando se vier a exigir responsabilidades por má informação com consequências pesadas para os cidadão, não se puder identificar a quem. Não pode ser assim. As pessoas são responsáveis, se não sabem devem informar-se e devem ter a consciência que o que disserem ou fizerem tem consequências e que podem ser responsabilizadas por isso.
Quero um Estado cujo cuidado na gestão do dinheiro público é rigoroso e não obedece a agendas politicas mas sim aos interesses do país e do seu povo.
Não me parece que tenhamos neste momento nenhum politico que pense assim. Todos querem manter o status quo.
Parece-me que só lá vai com a remoção de todos estes politicos e que seja permitido aos cidadãos sem cor poltica, candidatarem-se e fazer melhor pelo país.
Nelson Mandela terá dito certa vez a propósito da situação que se vivia na Africa do Sul que"Chega um momento na vida de qualquer nação em que só restam 2 opções: submeter-se ou lutar."
Creio que temos de lutar pelo país e Estado que queremos, por um país e Estado que realmente defenda os interesses dos seus cidadãos e não esteja subjugado a agendas politicas e a favores e a beija mãos. Estamos no momento. Temos de optar. Eu opto por lutar.


Comentários

  1. É uma análise da atual situação portuguesa quase completa, e digo quase completa porque muito ficou por dizer.
    Estou de acordo que os partidos políticos estão esgotados. Há que dar o Poder a independentes, cada um formado em cada área necessária à Governação, exigir que a UE cumpra os seus princípios da sua fundação. Depois, lutar, lutar...

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